Selo Mediúnico

   Todavia, essa graça mediúnica pode ser manifestada excepcionalmente – com exceção à regra – sem que a criatura tenha trazido em si o Selo Mediúnico, se, por sua qualidades morais e espirituais, se elevar a frente à determinadas circunstâncias e dentro das quais haja necessidade da comunicação dos espíritos através dele.

   Podemos enunciar a Primeira Lei que rege o mediunismo: O Médium é todo aquele que possui um afrouxamento na Tela Búdica (Tela Atômica) por efeito de Carma acumulado em Encarnações Passadas.

   Médium, do latim médium, meio, intermediário. Pessoa acessível à influência dos espíritos, e mais ou menos dotada da faculdade de receber e de transmitir suas comunicações.

   Este Selo Mediúnico que é conferido a alguns tem um sentido mediúnico de maior amplitude, também está ligado ao direito a Lei de Salva, como veremos a seguir. Porque a parte que define o ser ou não ser um médium magista está ligada, para melhor entendimento, a essa outra parte que define os Direitos de Salva... Em face da magia e da competente outorga.

   Por essa questão do ter ou não ter o direito da salva é que os guias e protetores costumam ajudar muito os seus corretos aparelhos na vida material deles, para que gozem de certo descanso, do conforto necessário, para que tenham saúde e paz de espírito, pois sem estes elementos ninguém pode dedicar-se à prática da caridade com abnegação ou boa vontade.

   Se alguém que esteja mal e preocupado com o feijão e o arroz, que vai ou não comer no dia de amanhã, para fazer uma caridade, ou para pôr em ação seus dons mediúnicos ou seus poderes psíquicos, para ver se esse operador pode fazer isso de boa vontade, ou se pode operar dentro de boas condições...

  Todos esses fatores dão ao médium da Corrente Astral de Umbanda muito prestígio, mas também lhe abrem as portas da sedução, da vaidade e das facilidades com o elemento feminino e com o dinheiro...

   É lamentável dizê-los, mas temos observado, em nossos tempo de militância e estudo, que não é pouco, no meio umbandista, que foram bem poucos os médiuns observados que se aguentaram com a mediunidade positiva até o fim. A maioria fracassou logo nos primeiros anos...

   Então é necessário que se leve na mais alta conta que a Mediunidade é uma dupla condição especial, dada ou facultada ao espirito que vai encarnar antes da gestação, e nunca depois. Só se revela aquilo que já se trazia em si. E essa mediunidade ou faculdade pode ser definida como um selo-mediúnico, conferido ou impresso em bem poucas criaturas.

   Entretanto, existe a literatura que trata do assunto “doutrina”, de que todas as pessoas são médiuns, dessa ou daquela modalidade. É só fazer por onde, ou seja, é só desenvolver. Vai daí essa mania do desenvolvimento mediúnico: que quase todas as pessoas que frequentam sessões, para essa ou aquela finalidade, acabam desejando receber espíritos. Quando não conseguem recebê-los, não se conformam. Passam, então, a desenvolver a vidência, a irradiação, as intuições, os desdobramentos e em último caso, aferram-se aos ‘passes’ magnéticos como premio de consolação...

   A Mediunidade não deve ser encarada como uma graça que o indivíduo recebe, manifestando-se sobre o espírito e seu organismo, sem que estes tenham sido ‘manipulados’ antes, nas condições morais e energéticas, para receber um acréscimo, de fluidos vitais e apropriados à manifestação da mediunidade. A ciência da terra afirma que a natureza não dá saltos... Assim, a natureza ou a estrutura íntima de um períspirito, ou seja, corpo astral*, via de regra, não é alterado ou manipulado em certos núcleos vitais de energia, depois que esse corpo astral se consolida sobre seu organismo físico propriamente dito, e já amadurecido por seu dinamismo, por sua presença.

Notas

*O Corpo Astral ou Corpo dos Desejos é um veículo ou expressão da consciência.

Todavia, essa graça mediúnica pode ser manifestada excepcionalmente – com exceção à regra – sem que a criatura tenha trazido em si o Selo Mediúnico, se, por sua qualidades morais e espirituais, se elevar a frente a determinadas circunstâncias e dentro das quais haja necessidade da comunicação dos espíritos através dele.

Umbanda do Brasil. Págs.194 - 195

W.W. Da Matta e Silva