Primeira Iniciação - Os Anos do Despertar
- Patrick Leitão
- 7 de abr.
- 5 min de leitura

Segue-se o relato feito por Krishna de sua Iniciação e que ele dirigiu a Sra. Besant:
12 de janeiro de 1910
Quando deixei meu corpo na primeira noite, fui imediatamente para a casa do Mestre e ali O encontrei com o Mestre Morya e o Mestre Djwal Kul. O Mestre falou-me de modo sumamente bondoso durante muito tempo, e contou-me tudo a respeito da Iniciação, e o que eu deveria fazer. Em seguida, fomos todos à casa do Senhor Maitreya, onde eu já estivera uma vez, e lá encontramos muitos Mestres — o Mestre veneziano, o Mestre Jesus, o Mestre Conde, o Mestre Serapis, o Mestre Hilarião e os dois Mestres Morya e K. H. [Kuthumi]. O Senhor Maitreya estava sentado no meio, e os outros se achavam em pé em torno d'Ele, formando um semicírculo.
Depois o Mestre [Kuthumi] tomou-me a mão direita, e o Mestre Djwal Kul a mão esquerda, e conduziram-me à presença do Senhor Maitreya, estando a senhora e meu Tio [Leadbeater] em pé logo atrás de mim. O Senhor sorriu para mim, mas disse ao Mestre:
—"Quem é este que trazes assim à minha presença?"
Respondeu: — "É um candidato que pleiteia admissão na Grande Fraternidade."
E o Senhor perguntou: —"Respondes por ele como digno de admissão?"
O Mestre replicou: — "Respondo."
O Senhor continuou: — "Encarregar-te-ás de guiar-lhe os passos ao longo do Caminho em, que ele deseja entrar?"
E o Mestre respondeu: — "Eu me encarrego."
E o Senhor perguntou: — "Nossa regra requer que dois dos Irmãos mais altos respondam por cada candidato; estará algum Irmão mais alto preparado para apoiar esta solicitação?"
O Mestre Djwal Kul disse: —"Estou preparado para fazê-lo."
Em seguida, disse o Senhor: — "O corpo do candidato é muito jovem. Se for admitido, haverá membros da Fraternidade que ainda vivem no mundo exterior prontos para encarregar-se dele e ajudá-lo em seu caminho ascensional?"
Nesse momento a senhora e meu tio se adiantaram, inclinaram-se e disseram: — "Estamos prontos para encarregar-nos dele."
E o Senhor continuou: "Vossos corações estão cheios de amor a ele, de modo que essa direção seja fácil?"
E os senhores dois responderam: — "Eles estão cheios de amor, proveniente de muitas vidas no passado."
Então o Senhor me dirigiu a palavra pela primeira vez: — "E tu, de tua parte, amas esses dois Irmãos, de modo que te submeterás alegremente à direção deles?" E eu, naturalmente, respondi: — "Eu os amo deveras de todo o coração."
Ele perguntou : — "Desejas, pois, ingressar na Fraternidade que existe de eternidade a eternidade?"
E eu disse: — "Desejo ingressar quando estiver apto a fazê-lo."
Ele perguntou: —"Conheces o objetivo dessa Fraternidade?"
Eu repliquei: —"Realizar o trabalho do Logos [a trindade que governa nosso Sistema Solar] ajudando o mundo."
Então ele replicou: — "Tu te comprometes a dedicar toda a tua vida e toda a tua força daqui por diante a esse trabalho, esquecendo-te absolutamente de ti mesmo para o bem do mundo, fazendo que tua vida seja toda amor, exatamente como Ele é todo amor?"
E eu respondi: —"Assim o farei, com a ajuda do Mestre." Ele continuou: "Prometes manter secretas as coisas que te ordenarem que mantenhas secretas?"
E eu disse: — "Prometo."
A seguir, Ele me mostrou muitos objetos astrais e precisei dizer-lhe o que eram. Tive de distinguir entre os corpos astrais de um homem vivo e de um homem morto, entre uma pessoa real e a imagem mental de uma pessoa, e entre um Mestre de imitação e um Mestre verdadeiro. Depois Ele me mostrou muitos casos, e perguntou-me como eu ajudaria cada um deles, e respondi da melhor maneira que pude.
Finalmente, Ele me mostrou a imagem do meu pior inimigo [seu mestre-escola?], um homem cruel que eu odiara, porque muitas vezes nos torturara, a meu irmãozinho menor e a mim; e Ele disse: "Ajudarás até esta criatura, se ela precisar da tua ajuda?" Não pode haver ódio na presença do Mestre, por isso repliquei: "Por certo a ajudarei." Afinal, Ele sorriu, disse que as respostas haviam sido muito satisfatórias e perguntou a todos os outros Mestres: "Todos os presentes concordam com a recepção deste candidato em nossa companhia?" E todos responderam que concordavam.
Em seguida o Senhor afastou os olhos de mim e bradou na direção de Shamballa: —"Faço isto, ó Senhor da Vida e da Luz, em Teu nome e por Ti?" E, incontinente, a grande Estrela de Prata fuzilou sobre a Sua cabeça, e de cada lado dela surgiu no ar uma figura — uma do Senhor Gautama Buda e outra do Mahachohan. (1.2)
E o Senhor Maitreya voltou-se e chamou-me pelo verdadeiro nome do Ego e depôs Sua mão sobre minha cabeça e disse: Em nome do iniciador, cuja Estrela brilha acima de nós, eu te recebo na Fraternidade da Vida Eterna; diligencia para que sejas digno membro dela. Estás agora em segurança para sempre. Pois entraste na corrente; e possas logo atingir a praia mais distante!
"A seguir, Ele me deu a Chave do Conhecimento e mostrou-me como poderei sempre e em qualquer lugar reconhecer um membro da Grande Fraternidade Branca quando O encontrar; mas essas coisas, disse Ele, não devo repetir. Depois, dirigindo-se aos meus dois padrinhos, pediu-lhes que se encarregassem das experiências búdicas necessárias. Ato contínuo, todos os Mestres, um por um, tocaram minha cabeça, falaram bondosamente comigo e deram-me os parabéns, e o Senhor Maitreya deu-me a Sua bênção. Finalmente a Estrela desapareceu, todos viemos embora e eu acordei sentindo-me maravilhosamente feliz e seguro.
Pouco depois voltei a adormecer e, durante todo esse dia, estive ausente do meu corpo, recebendo lições sobre o plano búdico e sobre a maneira de formar um corpo búdico e um mayavirupa [corpo astral materializado]. Mas não me lembro disso muito claramente neste cérebro; porque isso desceu através de vários planos. Na noite seguinte levaram-me para ver o Rei, e esta foi a mais maravilhosa de todas as experiências.
Ele é um menino não muito mais velho do que eu, mas o mais belo que já vi em toda a minha vida, resplandecente e glorioso e, quando sorri, é como a luz do sol. Ele é forte como o mar, de modo que nada poderia opor-se a lhe por um momento que fosse e, não obstante, Ele é só amor, de sorte que eu não poderia sentir o menor pingo de medo d'Ele.
E a Estrela de Prata que vimos é parte d'Ele — não mandada para lá, pois Ele está lá e em toda a parte o tempo todo mas, de certo modo, feita de um jeito que podemos ver. E quando não a podemos ver, Ele está lá do mesmo jeito. Ele me disse que eu procedera bem no passado, e que no futuro procederia ainda melhor; e se o meu trabalho fosse difícil, eu nunca deveria esquecer a Sua presença, pois Sua força estaria sempre atrás de mim, e Sua Estrela brilharia sobre mim.
Depois Ele ergueu Sua mão para abençoar-nos e nós viemos embora. Havia três outras Entidades Resplandecentes que se achavam atrás d'Ele, mas não olhei para Elas, pois não conseguia desviar meus olhos d'Ele. Quando fui para lá e quando voltei vi ruínas enormes e uma grande ponte, diferente de todas as outras que já vira; mas eu estava pensando tanto n'Ele, que não lhes dei muita atenção. [...]
Krishnamurti: Os anos do Despertar - Mary Lutyens - Cultrix - Pag - 45-46-47-48.
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