As Três Primeiras Etapas dos Grandes Mistérios

Ísis a Senhora dos Sete Véus

  É da Terra Divina original, Raiz da Criação, que Adão é extraído. A imagem (Reflexo Psíquico) e Semelhança de Deus, recebendo vida por seu Sopro, no entanto, é do Paraiso Terrestre que o par Adão e Eva será expulso para o Ocidente e para o corpo, quando do episódio da Tentação que origina a Árvore do Conhecimento. Assim a Arvore da Vida enraíza-se no Céu e a Arvora do Conhecimento na Terra.

  O Espírito de Vida, desde a sua Origem Divina, “desce” até o mais profundo da Materialidade – “Eis que faço entrar em vós um Espírito, e vivereis, Eu vos darei Nervos, eu farei crescer sobre vós a Carne, eu vós cobrirei de pele, eu colocarei em vós um Espirito e vós vivereis” (Ezequiel, 37 : 16) – é para, em seguida retornar a sua Terra Original: “Tu lhes anunciará: eis o que o Senhor, o Eterno. Eu abrirei os vossos túmulos e vos farei sair, vós que sóis meu povo.” (Ezequiel, 37: 12)

  Apenas no sexto dia da Gênese (Gênesis 1:26) que o Homem aparece. Do Quarto ao Sexto aparecem as potências animais, isto é, anímicas, de nosso ser; de modo que o Homem Animal está presente, mas não o Homem Verdadeiro (1), o que equivale a dizer que em qualquer uma dessas fases estamos na embriogênese Cósmica de Nós Mesmos.

   Em seguida a essas três primeiras etapas dos Grandes Mistérios, será necessário “matar a mãe”, (2) a fim de desaferrolhar as potências adormecidas no mais profundo da matéria (simbolizados pelo Dragão e pela Kundalini), o que corresponde à passagem do Sexto ao Sétimo dia. (Fig. 17)

  Apenas quando as forças Elementais (simbolizadas pelos gnomos) tiverem sido despertadas e vencidas, será possível, enfim, conhecer-se realmente a si mesmo (gno = conhecimento). Somente o Homem Verdadeiro, que aparece no Sexto Dia, ainda que feito de Argila, recebe o Sopro Divino ou Pneuma. (3)

 Quando essa insuflação é realizada e o Mundo Celeste completamente transmutado pelas forças do Mundo Divino (o que corresponde a fabricação do Ouro dos Filósofos) (4), isso permite a união última entre o Espírito e a Matéria (correspondente à Pedro Filosofal), que se conduz ao pleno repouso do Sétimo Dia. (Fig 17).

Notas

(1) - O Tchenn–jen da Tradição Taoísta, análoga ao Homem Primordial, edênico (Paraiso do Éden), da Tradição Judaica–Cristã, que é a condição Original do Homem antes de comer do Fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, condição essa que é recuperada pelo Homem Verdadeiro ou Regenerado.

(2) – A “Mãe” simboliza toda a Criação Divina, composta pelos três Mundos Inferiores. O Pai é o Espirito que está nela e além dela, que a fecunda e a mantém. Portanto, "matar a mãe" significa morrer para todos os Mudos Criados, para poder ascender ao Mundo Divino, o Mundo de Atzluth. Quando isto ocorre, vive-se a Encarnação do Verbo, seguida da terceira ressureição (ver Fig. 17)

(3) – Em Gênesis 2.7 está escrito “E formou o Senhor Deus (YHVH – Elohim) o homem do PÓ da Terra e soprou–lhe nas narinas a Alma (Neshamah) de vida e o homem tonou-se um Vivente (nefesh hayya)”. Conforme o Zohar, obra máxima da Tradição Judaica, YHVH e Elohim designaram, respectivamente, O Pai e a Mãe (Tigoune ha Zohar, 28a). O Pneuma, Espírito em Grego, é análogo na Cabala, a Hayya (Vida), que é o Espirito de Deus inflando a Alma (Neshamah) do homem e que corresponde ao Elemento AR e ao Mundo Divino de Atziluh. A Neshamah é a Alma Espiritual e Eterna do Homem, que corresponde ao Elemento FOGO e a Briah, O Mundo Angélico ou Celeste. Além desses dois componentes mais elevados, o homem é construído pela Alma Astral ou Psíquica ru Yetzirah e pela Alma Vital ou animal, Nefesh, correspondente à Terra e à Assiah (Ver Fig. 16)

(4) – Ou Ouro dos Sábios (o Ouro Alquímico)

Realização - Pai Carlos da Costa

Patrick Paul – Jacob Boehme – Agrippa – Proclo – Paracelso - Papus